Praceta Zamenhof by Opus Pistorum

"Qualquer língua, na medida em que dá aos seus falantes nativos a possibilidade de comunicarem entre si, impedindo-os de comunicarem com os outros, é simultaneamente uma libertação e uma prisão."

Ludwik Zamenhof, em 1887, publicou as primeiras 16 regras do Esperanto, que viria a ser o idioma artificial mais falado no mundo.
No Barreiro há um jardim conhecido como "Quatro Cantinhos" - talvez em honra à vontade de Ludwik de aproximar os quatro cantos da terra- que se chama Praceta Zamenhof.

A ligação do disco e da Praceta que lhe dá nome chegou-me num flash algures durante a segunda metade do ano de 2023.
Já tinha começado a compor algumas das músicas que fazem parte da versão terminada deste disco, sentando num banco na Praceta, fumava um cigarro e ouvia os pássaros a cantar, os novos-ricos que se mudaram para o bairro passeiam os filhos e os cães com trela, as trabalhadoras da Segurança Social fumam cigarros e comentam a vida as colegas, os traficantes nas arcadas assobiam a um cliente perdido, o refugiado no banco ao lado do meu fala numa linha que não reconheço, mas apenas pelo seu sorriso imagino o teor da conversa.

Praceta Zamenhof (o disco) e a Praceta Zamenhof (o jardim), querem-se ambos como espaço aberto entre vidas e caixas, como comunicação omnilateral entre desconhecidos mas também entre as várias esferas da nossa psique, que tantas vezes falam estrangeiro umas com as outras.

Do noise aos breaks, do black metal (nazi punks f- off) ao house mais leftfield, com modulares virtuais, plunderphonics e toda uma coleção de técnicas algumas delas semi-acidentais que se misturam neste release, esta é uma viagem esquizo-neurótica em seis andamentos, sem respeito por géneros, bpm e em geral sem respeito por nada nem por ninguém.

DIY label/colectivo
Barreiro, Portugal

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