Infinita by Renata Peixoto

Quando descobriu a música, aos 7 anos de idade, Renata Peixoto não compreendia muito bem as curvas do caminho que estava prestes a seguir, mas já sabia que seu lugar no mundo era ali, em frente a uma plateia, soltando a voz e conectando-se às pessoas. Se os primeiros versos animavam as festas da família, os mais recentes – pouco mais de uma década depois – a colocaram nos principais palcos de Alagoas, terra de onde brotam suas raízes. Reconhecida como uma das promessas musicais do estado, Renata está pronta para mostrar que desabrochou uma bela cantora em seu primeiro disco, “Infinita”, lançado em agosto de 2016, no Teatro Deodoro.
A decisão de abraçar a sua arte como uma carreira profissional levou Renata Peixoto a conhecer os palcos desde cedo, já aos 14 anos, quando participou de um show da amiga Millane Hora. De lá para cá, participou de projetos importantes no cenário alagoano, como a apresentação da festa de 200 anos de Maceió; Festival de Música da UFAL; Projeto Linda de Música e Artes Visuais; e tantos outros. A paixão com a qual se dedica a cantar confere uma verdade transparente ao seu trabalho: seja Samba, Blues, ou música Pop, Renata consegue trazer uma carga emocional autêntica, resultado de sua entrega ao canto, à música.
Em seu universo sonoro, Renata se encontra livre para ser quem quiser: “Infinita”. O nome do disco não poderia soar melhor e reflete a escolha de um repertório que apresenta diversas facetas de Renata Peixoto, a intérprete, a compositora, a mulher independente e consciente do seu papel na sociedade, forte e sensível... uma camaleoa que parece guardar sob a pele todas as mulheres de suas músicas, infinitas, sem amarras. Essa versatilidade foi bem conduzida pelos produtores Yuri Costa e Gabriel Sarmento, que unificaram a pluralidade artística de Renata em arranjos coesos de influência Jazz. Gravado pelo perfeccionista Emmanuel “Sapulha” Miranda, no Magic Room Studio, o disco conta ainda com a participação de músicos tarimbados como o baixista Felix Baigon, o maestro Almir Medeiros, o trompetista Siqueira Junior, o percussionista China Cunha, o baixista Sandro Lima, os bateristas Leandro Amorim e Renan Freitas, além dos já citados Yuri Costa (pianos e teclados), Gabriel Sarmento (violões e guitarras) e Emmanuel Miranda (baixo).
As dez faixas de “Infinita” levam o ouvinte a um passeio por um território refinado. Os timbres, arranjos e composições revelam o cuidado estético com uma proposta sonora que muitas vezes flerta com a MPB clássica e com o Pop de cantoras mais experimentadas, divas nas quais Renata buscou inspiração para conceber o disco. A faixa-título tem tudo para virar hit, chegando com um refrão marcante e bem construído: uma composição em parceria com o produtor Gabriel Sarmento que foi finalista do FEMUFAL; assim como a faixa “Horizonte a encadear”, uma ciranda estilizada com maracatu e dissonâncias de Bossa nova. As outras parcerias musicais da dupla no disco são as faixas “Leve e claro”, que tem balanço contagiante e melodia pop; “Cais”, um Afoxé com harmonia suave e bem trabalhada; e “Se eu quiser”, um manifesto à independência feminina, debochadamente alegre e anti-machista. Outra parceria é com o músico Rodrigo Avelino, com quem Renata compôs “Será que vai lembrar de mim?”, repleta de delicadeza e melodia cativante. Com Vitor Gois, fez “Dividamos”, uma alegre visão sobre a vida a dois. Sozinha, Renata criou o Blues “Azuis”, no melhor clima dolorido e sensual do estilo. As duas faixas que completam o setlist de “Infinta” são: “Roxa lembrança”, samba de Janu Leite embalado pelo piano de Yuri Costa e “Caraminholas”, de Caê Mancini, jazzística como num musical da Broadway.
Quando teve contato com a música, aos 7 anos de idade, Renata Peixoto descobriu, sem querer, que poderia ser a cantora que ela quisesse e, desde então, sua relação com a música parece não ter fim, para infinita sorte do público.